domingo, 7 de novembro de 2010

Comentários acerca de "Deus: uma biografia" de Super Interessante


Ok caro leitor, o que tem de novo nessa matéria da Super Interessante?! Só o fato dela ser veiculada em novembro. Geralmente as revistas e canais de TV onde se veiculam as patacoadas cientificistas concentram sua munição no mês de dezembro. Tirando esse ataque inesperado (ponto para eles porque em questões estratégicas ataques surpresa quase sempre são bem sucedidos) o resto é apenas mais do mesmo. Sim, mais do mesmo. Em “Deus: uma Biografia”[1] encontramos o mesmo comportamento tendencioso de sempre, a mesma rasura de argumentação, sempre muito bem disfarçados por figuras bonitas de se ver e passagens poeticamente pobres. No mais recente ataque da representação cientificista à existência de Deus o que não falta são generalizações infundadas, utilização mal intencionada do método das ciências humanas e é claro, o que seria de uma reportagem como essa sem as nossas queridas falácias?! Enfim o pacote é completo e no capricho. No entanto, para se defender de técnicas de batalha antigas não é necessário muitas inovações no sistema defensivo. O cientificismo não esta contribuindo muito com o desenvolvimento da apologética cristã pois, se eles continuarem batendo sempre nos mesmo argumentos nós nem precisaremos criar refutações novas (risos).

Vamos então a uma analise de todo esse discurso. Vejamos o trecho que apresenta a ideia guia da matéria "[...] Essa concepção [tradicional sobre Javé], que hoje parece eterna, de tanto que a conhecemos, não nasceu pronta. Ela é fruto de fatos históricos que aconteceram antes de a Bíblia ser escrita. O próprio Javé foi uma divindade entre muitas. Fez parte de um panteão do qual nem era o chefe. O fato de ele ter se tornado o Deus supremo é marcante [sic]É essa a história que vamos contar aqui. A história de Javé, a figura que começou como um pequeno deus do deserto e depois moldaria a forma como cada um de nós entende a ideia de Deus[...]". [2] Parece Intelectual não?! Coisa descolada, de gente que não se prende a concepções do passado! – pode ate parecer, mas também parece coisa de gente que não entende muita coisa sobre a ordem dos fatos ocorridos e que entende muito menos coisa ainda sobre teologia.
No entanto as “dificuldades de compreensão” das quais a matéria se utiliza para criar confusão na cabeças das pessoas não serão mais dificuldades se passarmos a entender uma chave de compreensão que nós chamamos de “Revelação Progressiva”. O fato é que hoje essa é uma corrente muito forte e séria na teologia. Essa forma interpretativa compreende que a revelação de Deus aos homens foi e é progressiva. Crer e entender assim não exige nenhum compromisso com a teologia liberal (compromisso esse, que quem acompanha meu blog sabe que eu estou longe de ter). O que ocorre é que descobrir que Deus se revelou aos homens progressivamente explica muito satisfatoriamente todos esses “desencontros” e “dificuldades” explorados pelos céticos sem de maneira alguma reduzir a pessoa de Deus. O que para os céticos foi uma sucessão de acontecimentos históricos que moldou uma concepção sobre Deus, para a Revelação Progressiva foi uma sucessão de acontecimentos históricos em que o próprio Deus revelou de Si mesmo a nós, moldando sim o que nós sabíamos sobre Ele e não a nossa concepção sobre Ele. Mudar o que nós sabemos sobre algo é diferente de mudar o que criamos sobre algo. Quando vamos descobrindo cada vez mais informações sobre alguma coisa ou pessoa nós obviamente não estamos inventando aquela coisa ou criando aquela pessoa, nós estamos adquirindo informações sobre a coisa ou a pessoa! Para compartilhar da visão cética você tem que acreditar que os dinossauros só passaram a existir quando os humanos descobriram as primeiras ossadas. Nós não suscitamos os dinossauros a existência quando passamos a adquirir informações sobre eles e muito menos fizemos isso com Deus quando passamos a receber dEle sua própria revelação sobre Si mesmo. Muitos dos conceitos que hoje utilizamos para descrever a pessoa de Deus só vieram a existir séculos depois dos Salmos serem escritos, mas esses conceitos já figuravam naquele livro, obviamente expressos da forma com a linguagem disponível permitia. Deus auto-limitou sua grandeza para poder se fazer entender ao homem.

Perceba como o entendimento da revelação progressiva, por exemplo, explica a sandice defendida pela matéria de que El e Javé (que a partir daqui chamarei de Yahweh) eram dois deuses diferentes! Antes do evento narrado em Êxodo 3.1-15 ninguém sabia o nome de Deus! Veja o texto (Que oferece argumentos muito fortes a favor de uma revelação progressiva de Deus):

1.E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. 2.E apareceu-lhe o anjo do SENHOR em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. 3.E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça não se queima. 4.E vendo o SENHOR que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.5.E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.6.Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus.7.E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. 8.Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, e do jebuseu. 9.E agora, eis que o clamor dos filhos de Israel é vindo a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem.10.Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito. 11.Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? 12.E disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte. 13.Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? 14.E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. 15.E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.


O texto mostra claramente que Deus revelou seu nome aos Israelitas muito tempo depois de já ter começado a se relacionar com eles. Deus comunica a Moisés que “ELE É O QUE É” e que este é de fato seu nome, ou seja, Yahweh. Mas Ele não para por aí! Veja novamente o que diz o versículo 15. Deus, agora apresentado nominalmente, faz questão de que não ocorra nenhuma confusão. É como se ele dissesse “Veja Moisés, para que fique bem claro, estou te dizendo aqui, de minha boca, que eu sou o mesmo Deus que se revelou a Abraão, o mesmo Deus que se revelou a Isaque e o mesmo Deus que se revelou a Jacó.” Abraão conhecia a Deus como Adonai e como El Elyon, mas é o próprio Yahweh que esta dizendo a Moises que Ele era e é Adonai e El Elyon. Como pode então Super Interessante, ou quem quer que seja, afirmarem que El e Yahweh eram dois deuses diferentes?! Como Yahweh irá disputar algo com El, sendo que Ele afirma ser El apenas outra forma dEle ser conhecido?! El, palavra que significa “Poderoso”, era uma palavra usada como sufixo ou prefixo pelos cananeus para designarem poder divino ou divindade de maneira genérica, ou seja, não somente uma divindade específica. Assim Abraão conhecia Deus pelo nome de El Elyon (Deus Altíssmo) ou simplesmente Adonai (“Senhor”), porém é o próprio Yahweh que nos testemunha sobre o fato de Abraão estar adorando a Ele. Assim percebemos que até do ponto de vista ceticista apresentar El e Yahweh disputando a liderança de um panteão de deuses é uma tese fraca e sem sentido. Dando uma colher de chá para os céticos seria muito mais plausível afirmar que o autor do texto de Êxodo quis englobar todos aqueles deuses em um só. Argumento que também seria invalido já que Deus nunca exigiu que o chamassem exclusivamente de Yahweh.

Outro argumento apresentado pela revista para sustentar que Yahweh era mais um entre tantos outros deuses é o Salmo 82. E aí o texto fora de contexto corre solto. Veja o Salmo:

1.Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses. 2.Até quando julgareis injustamente, e aceitareis as pessoas dos ímpios? 3.Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e o necessitado.4.Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.5.Eles não conhecem, nem entendem; andam em trevas; todos os fundamentos da terra vacilam. 6.Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo. 7.Todavia morrereis como homens, e caireis como qualquer dos príncipes. 8.Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois tu possuis todas as nações.

O próprio Jesus em João 10.32-37 cita e esclarece esta passagem.

32.Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais? 33.Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. 34.Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? 35.Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), 36.Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus? 37.Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis.

Vemos que a palavra “deuses” do versículo 6 esta claramente se referindo a pessoas que possuem algum poder político-econômico e que apesar de conhecedores da palavra de Deus, como Jesus explica, nada fazem para livrar o pobre e o necessitado. Aqueles que deveriam ser diferenciados por serem portadores da palavra de Deus, filhos do Altíssimo não escapariam de morrerem como homens comuns ou qualquer outro príncipe pois, só conheciam a palavra porém, não a praticavam! Além do mais a palavra original elohin, que é traduzida para o português como deuses é usada para designar pessoas com cargos de comando em outros locais do Antigo Testamento. Ela é traduzida como ‘juízes’ em Êxodo 21:6 e 22:8, 9, 28, por exemplo.

O trecho da matéria que afirma que Yahweh era consorte de Ashera chega a ser uma afronta ao método de pesquisa histórico. Qualquer pesquisador que vá a um congresso de história apresentar uma argumentação destoante baseado em apenas duas inscrições controversas seria prontamente desacreditado. Mas quando se trata de atacar o Deus judaico-cristão qualquer uma inscrição já basta. Vale lembrar do escândalo infundado sobre o suposto túmulo dos filhos de Jesus. As duas inscrições foram encontradas entre 1975 e 76, no mesmo lugar, Kuntillet Ajrud, um local controverso no norte da península do Sinai pois, não se sabe ao certo se é um templo ou uma fortaleza. Veja as inscrições: “Abençoo-vos em YHWH de Samaria e sua Asherah” e “Abençoo-te em YHWH de Teman e sua Asherah.Ele te abençoa e te guarde e com meu senhor ”. Dizer que Yahweh tinha Asherah por esposa e que esta crença era comum em meio a todo povo israelita baseado em duas inscrições controversas encontradas exatamente no mesmo local é academicamente desonesto. Se as inscrições fossem ao menos encontradas em locais diferentes, com certa distancia, ou fossem inscrições comuns em toda palestina, mas não, são inscrições encontradas em um sítio arqueológico que, ainda por cima, possui pinturas de diversas divindades fenícias e sírias, ou seja, claramente um local de extremo sincretismo religioso. De quebra nós ainda temos uma grande parte dos especialistas que argumentam que a palavra Asherah também era usada para designar um objeto de culto, uma estatueta qualquer. Enfim, ainda temos o problema de saber se a palavra na inscrição faz menção a deusa ou a esse objeto de culto [3].

Temos ainda por parte da matéria a afirmação de que o monoteísmo judaico só se consolidou após a morte do Rei Josias (séc. VII a.C.). Bastava aos autores da reportagem apenas uma consulta ao livro de I Reis no seu capítulo 18 [4] para entenderem que o monoteísmo se consolidara muito antes disto no episódio da vergonhosa derrota dos profetas politeístas frente a Elias no monte Carmelo (séc. IX a.C.). Ou seja, o monoteísmo foi consolidado em Israel 2 séculos antes do que afirmou a matéria de Super Interessante. O cético pode afirmar que o episodio do monte Carmelo é fantasioso, no entanto a história como disciplina, atualmente, sabe reconhecer muito bem a importância de eventos simbólicos como seria esta vitória de Elias e inclusive os trata como muito mais significativos para um povo do que eventos “naturais”. Aliás, para o mundo Antigo, eventos cujas narrativas são incorporadas com elementos fantásticos são muito mais importantes para a formação indentitária de um povo. Enfim, o monoteísmo esta consolidado entre os judeus desde o século IX a.C. crendo-se no fogo que desceu do céu para consumir as ofertas ou não. E veja caro leitor que estamos falando de consolidação e não de surgimento, por que nesse caso, o monoteísmo remonta já ao Pentateuco.

Vamos agora ao trecho em que Super Interessante dá explicações sobre de como teria surgido a concepção de divino no homem: “provavelmente vem da capacidade humana de detectar as intenções das outras pessoas. [sic] E a melhor maneira de tentar se antecipar a um adversário nos jogos mentais do dia é imaginar as intenções dele [...]"; logo, a "ideia de que há espíritos de toda sorte da natureza seria, assim, um efeito colateral do nosso sistema de detecção de mentes, tão hiperativo." A afirmação é ainda usada para convalidar a ideia de que "a espiritualidade faz parte de nossos instintos. É quase tão natural acreditar em divindade quanto comer ou dormir." [5] Nesse trecho nem é necessário muito comentário já que o próprio autor da matéria começa com um bom e sonoro “Provavelmente”. O que intriga mesmo é que por descuido, ou não, a mesma idéia aparece como afirmação na manchete da matéria. Aí o Compromisso é com o sensacionalismo e não com a informação. Além do mais, essa explicação naturalista e “psicologizante” para o surgimento do pensamento religioso até serviria, se as religiões fossem apenas formas de se explicar o mundo à volta do homem. Em posts anteriores já comentei aqui que as religiões que dão conta do relacionamento entre Deus e os homens e entre os homens e eles mesmos não se encaixam nessa explicação, o que acaba configurando uma generalização errônea por parte da matéria.

Vale lembrar que Super Interessante não ouviu sequer um especialista reconhecido em nenhuma das áreas que a matéria abordou [6]. Além disso, a matéria toda é baseada (pra não dizer copiada) em um único livro Deus: Uma Biografia, de Jack Miles, que alias também dá nome à matéria. Ou seja, toda a matéria não passa de a opinião de um único autor, enquanto a base do jornalismo sério é a pesquisa e a audição de diversas opiniões sobre um tema. É super interessante notar também que esse mesmo livro já foi base de uma matéria de capa da mesma revista em dezembro de 2005, ou seja, definitivamente parece-nos que a revista não esta muito interessada em apresentar uma outra visão sobre assunto. Não seria nada super surpreendente se daqui 5 anos tivermos uma nova matéria apresentando mais do mesmo...

A conclusão que chegamos é que a Biografia de Deus proposta por Super Interessante é rasa e simplista, para crentes e até mesmo para céticos. Serve apenas para atacar e desesperar os incautos, servir de “muleta” para a massa sempre aberta a uma boa desculpa para viver dissolutamente e principalmente para suprir de argumentos rasos e falaciosos a classe dos pseudo-intelectuais/neo-ateístas brasileiros. Abraços! Ps:. Por favor não publique trechos deste texto sem os devidos créditos e link do blog.

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[1] José Lopes e Alexandre Versignassi, Deus: uma biografia, Superinteressante, ed. 284, Novembro 2010, pp. 58-67.
[2] DB, p. 59.
[3] Keel, Othmar, and Uehlinger, Christoph, "Gods, goddesses, and images of God in ancient Israel" (Fortress Press, 1998) p.232-3.

[4] http://adventista.forumbrasil.net/acervo-teologico-f1/deus-mais-uma-biografia-nao-autorizada-t1317.htm
[5]DB, p. 60.
[6] http://adventista.forumbrasil.net/acervo-teologico-f1/deus-mais-uma-biografia-nao-autorizada-t1317.htm

Imagem do Post: Saint Andrew's Episcopal Church Window - The Triunph of Elijah

25 comentários:

Allan Mahet disse...

Comprei o livro, muito bom!

cacovsky disse...

É incrível a ginástica mental feita pra sustentar a idéia de deus. Acredita-se na bíblia, historicamente deturpada, e aceita-sa não somente como verdadeira, mas como pura expressão da verdade.

A teologia é o estudo acerca de deus, mas como estudar algo que não se sabe que se manifesta? Como é que pode haver um estudo sobre um elemento cuja existência sequer pode ser defendida em termos razoáveis?

Primeiro, me garanta a verdade. Depois, me garanta a Bíblia.

Raul Vitor disse...

Olá cacovsky, obrigado por ler.
Gostaria que você me provasse e não apenas afirmasse a "Deturpação histórica da bíblia" defendida por você. Em segundo lugar, discordo plenamente que Deus não se manifeste, eu e diversas pessoas ao redor do globo temos visto Deus se manifestar de diversas formas. Assim a teologia é válida pois estuda não só um Deus que se manifestou mas essêncialmente um Deus que se revelou nas escrituras. A existência de Deus é o pressuposto mais lógico que existe para a existência de tudo a sua volta portanto há termos bastante razoáveis para defender a sua existência.
Quanto a garantir a verdade,nós estamos vivendo em plena pós-modernidade e o conceito de "verdade garantida" está bastante em baixa, aliás as ciências humanas em geral estão trabalhando pela morte deste conceito a uns 40 anos (posso te garantir isso pois estou dentro de uma faculdade de ciências humanas.)Então vem daí a pergunta, que você terá de me responder pra continuarmos a discussão: você crê que a verdade pode ser acessada? Só daí posso continuar a desenvolver minha argumentação.
Abraço e obrigado por ler!

Raul Vitor disse...

Ah! E mais uma coisa, em questões de "ginástica mental" os atéus estão dando de 10X0 na gente.. (risos)

Alice Peixoto disse...

Boa noite Raul,
li a reportagem da Super para fazer um trabalho de Ensino Religioso, e achei muito confusa!
Vim procurar na internet alguma materia mais esclarecedora da reportagem, e encontrei o seu blog, no qual você foi muito feliz com essa dissertação, e me esclareceu muitos pontos do meu trabalho.
No entanto ainda ficaram algumas dúvidas, e se possível, gostaria que me esclarecessi.
O professor me pediu o seguinte:
Identifique no texto os seguintes conceitos relacionados ao Ensino Religioso: -Religião; -Religiosidade; -Tradição Religiosa; -Pluralismo Religioso; -Fenômeno Religioso; -Tolerância Religiosa
não consegui identificar no texto, passagens que se relacionem com esses conceitos.
Pode me ajudar?

Desde já Obrigada
Alice Peixoto

Raul Vitor disse...

Oi Alice, obrigado por ler.
Bem, eu diria que seu professor te pediu um trabalho beeeem pesado. Dissertar sobre todos esses conceitos em um só trabalho é muito puxado, mas vamos ver como eu posso te ajudar.
Na reportagem Religião pode ser vista o tempo todo, toda a reportagem é sobre o Deus do judaísmo e do cristianismo. Religiosidade aparece na medida em que o autor da matéria trata da prática religiosa expressa na bíblia. Quanto a tradição religiosa, é ela que o autor questiona ao apresentar uma "biografia de Deus", o proprio autor defende que "para a tradição a idéia de Deus sempre existiu e é imutavel" (idéia que eu questiono, mas..)Quanto a pluralismo religioso acho que ele aparece na matéria quando o autor trata das outras divindades, principalmente as cananéias, que eram adoradas pelos hebreus (judeus), quanto a isso não há questionamentos pois, os próprios autores hebreus registraram esse fenomeno no texto bíblico sobre a forma de idolátria. Quanto a fenômeno religioso creio que a própria reportagem é um indice de fenomeno religioso, penso que a algum tempo atrás Deus não seria matéria de capa de uma revista que se pretende científica,nem que fosse pra falar asneiras como o caso. Pra te falar a verdade não sei que época eu preferia, se quando as revistas científicas ignoravam Deus ou se quando elas falam dele (risos). Quanto a tolerância religiosa creio que seu professor esteja se referindo ao "tom brando" da reportagem, que tem a intenção de fazer vocês pensar que eles estão respeitando a crença em Deus. Bem eu não caio nessa. O resumo da reportagem é que Deus é uma invenção do homem, uma necessidade psicológica e isso é afrontar Deus de toda forma. Enfim,
dou todo apoio a Superinteressante e a quem quer que seja para divulgar qualquer ideia. Da mesma forma sou a favor do direito de discussão e a internet tem possibilitado isso. Espero ter te ajudado a guiar os rumos do seu trabalho. Espero que seu professor de religião seja um cara coerente e dê voz verdadeiramente a opinião de seus alunos.
Abraços e continue acompanhando o blog!

Unknown disse...

Ao ler somente os trechos que você citou, pensava eu que quem escreveu a matéria era algum comediante de stand-up ri demais.

No inicio Raul você fala sobre a revelação progressiva de Deus, isso é algo muito visivel nao somente nos escritos biblicos. No dia a dia temos essa revelação acrescida a cada momento.

Otimo post, tomara que o rapaz possa responder sua pergunta.

Abraço e fica com Deus!

kleber araujo disse...

Caro Raul, li a super e seus argumentos acima. Se vc me permite a sinceridade,nao levando para o lado pessoal,mas ficando apenas no campo das ideias,achei seus argumentos tao ou mais fracos do que a da citada reportagem.

Ou seja,desde ja deixo claro que nao concordo com ideia de que tudo q esta la seja ou tenha alguma verdade cientifica.

Mas penso que seus argumentos estabelecem uma crítica equivocada

primeiro que a idéia de revelacao progressiva é passível de várias críticas,tao velhas quanto a origem de tal pensamento.
Por outro lado, o própio método cientifico, epistemologicamente falando é tao criticavel quanto

de maneira que caminhar por essa linha argumentativa ,do ponto de vista racional, que é o que a reportagem prentende tende,penso eu, a caminhar para uma discussao muito mais profunda e que possivelmente um justificativa teologica em bases racionais sairia perdendo.Poderíamos até se for esse o caso iniciar um debate sobre isso mas penso que o final seria a inevital evocacao da fé sobre a razao.

depois a reportage cita sim especialista no assunto,por exemplo christine hayes. A nao ser que vc nao a considere como especialista. Entretanto vc estaria corretissimo se falasse que a revista deveria ter procurado outros especialista contrarios a estas hipoteses, e falando em hipoteses, um leitor atento percebe que por enquanto tudo que foi exposto nao passa de hipoteses que os estudo ainda estao sendo feitos.
De maneira que sua crítica pre supondo que o que la está eh uma verdade cientifica pronta acabada so se explica por descuido de leitura.

quanto ao salmo 82.Raul do ponto de vista cientifico a interpretacao de cristo eh uma das inumeras possiveis tao validas ou frageis quanto a dos pesquisadores,entretanto,a pergunta que caberia fazer a eles era: em que contexto historico ,que cultura,que povo, que epoca,e quais metodos usaram para estabelecer a origem daquele textos.

nao vou me prolongar mais, ate porque meu teclado ta todo desconfigurado,mas permita-me, apesar da minha discordancia com seu texto e parcialmente com o da revista, elogiar pelo exercicio critico, e é de mais ginástica mental que precisamos sim.
e ah,nao sou evangelico,nao sou catolico,nao sou ateu.

ah desculpe tb a falta de pontuacao,meu teclado ta maluco

kleber araujo disse...

raul,meu texto acima esta cheio de erros de pontuacao,concordancia e ortografia,desculpas mil , é que estou com problemas no teclado

MM disse...

Rapaz, a reportagem, apesar de ser muito curta, corresponde a realidade histórica e psicológica humana. Deus é realmente uma concepção humana. Esse conceito foi sendo criado e absorvida por sucessivas gerações. Mas isto não quer dizer que realmente houve um deus ou que haja um. Deus faz parte do folclore humano. E esta concepção de monoteísmo surgiu no oriente médio... mas veja, isto é uma característica daquelas sociedades que se expandiu pelo mundo, não quer dizer que seja uma verdade baseada em racionalidade. Para os crentes em deus é difícil aceitar que ele não é real, não existe. Um ateu ver claramente que deus é apenas um delírio.

Raul Vitor disse...

Olá Kleber! Sem problemas quanto aos erros de português, teclado desconfigurado é realmente um saco e eu não sou nenhum mestre em gramática pra te cobrar esse tipo de coisa. Bem, vamos a discussão. Gostaria de discutir com você as críticas a ideia de revelação progressiva. Creio que se elas são tão velhas assim você não vai ter problemas em apresentá-las para mim. Em segundo lugar, não creio que algo não possa ser discutido só porque no final poderemos chegar a um argumento do tipo "fé sobre razão". O que eu sempre faço questão de esclarecer é que todo esse debate não passa de um debate de fé contra fé, uma fé no teísmo cristão contra uma fé em um naturalismo ateísta. Você como um cara que não se posiciona em nenhum dos lados (o que é um pouco problemático, mas deixemos isso de lado por enquanto) estaría em uma boa posição para perceber o quanto existe de discurso pseudo-científico na cosmovisão naturalista ateísta. Aceito a sua crítica quanto a ter dito que não haveria especialistas, o texto pode ter dado a entender isso, no entanto, o que eu quis dizer foi que dentro do trato jornalístico, a praxis é ouvir opiniões diferenciadas sobre o assunto. Quanto a um leitor atento perceber que se trata de hipóteses, bota atento nisso (risos), simplesmente porquê o texto da reportagem faz de tudo para encobrir esse fato, é esse tipo de má fé que eu estou questionando aqui.
Quanto ao Salmo 82 Kleber, a opinião de Jesus pode sim ser só mais uma entre muitas, porém existem sempre milhares de opiniões sobre todo tipo de coisa e no entanto nós, ate por convenção social, sabemos que algumas opniões são mais valiosas do que outras. A opinião de um judeu do século I d.C. sobre a interpretação de um texto de sua própria cultura é extremamente importante e tem muito valor. Além do mais eu apresentei argumentos filológicos que contrariam a interpretação feita pela revista, eu provei que a interpretação da matéria retira o texto do contexto para defender um pretexto (ou seja, desrespeita a regra de ouro da hermenêutica).
Bem Kleber, acho que é isso. Muito obrigado por ler e deixo aqui registrado a minha satisfação em discutir com os leitores.

Raul Vitor disse...

Olá Maria. Obrigado por ler o blog.
Veja a afirmação abaixo:
"Para os crentes em nenhum deus é difícil aceitar que ele é real, existe."
Parece tola não é?! Me lembra muito atitude infantil de "Eu quero por que eu quero".
Se a reportagem correspondesse absolutamente a realidade histórica e psicológica humana simplesmente não haveria discussão a respeito disso. Me parece que você é uma seguidora fiel de Dawnkins mesmo, pois repete até mesmo sua erística faláciosa, a saber:
"nós temos uma fantasia pseudo-racionalista e cientificista para apoiar nossos mitos de criação e nossa consequente visão de mundo e por isso estamos certos!"
Eu afirmo que Deus é a melhor a mais racional explicação para diversos fatos fundamentais para a existência. Deixe-me listar uma série de afirmações feitas por você, que não fazem nenhum sentido:
1- "Deus é realmente uma concepção humana." E aí?
2- "Esse conceito foi sendo criado e absorvida por sucessivas gerações." Como você pode provar que foi isso que ocorreu ao invés de revelação progressiva?! Como sendo eventos únicos que ocorreram em um ponto singular na história os eventos de revelação não podem re-acontecer "em laboratório" para serem "comprovados científicamente". Veja se você exige isso de eventos históricos você só esta provando que não sabe nada sobre método histórico.
3- A sua conclusão "Mas isto não quer dizer que realmente houve um deus ou que haja um." não decorre da afirmação anterior, em filosofia nos chamamos isso de falácia.
4- "E esta concepção de monoteísmo surgiu no oriente médio... mas veja, isto é uma característica daquelas sociedades que se expandiu pelo mundo." Falou o obvio aqui, mas vamos aproveitar pra sucitar um questionamento: Porque será que essa "concepção" se espalhou pelo mundo?!
5 - "não quer dizer que seja uma verdade baseada em racionalidade". Atrelar verdade a racionalidade é muito perigoso. Você acredita em um monte de verdades que não podem ser provadas racionalmente, como por exemplo, o fato de você ter sentido saudades de um ente querido. Você não pode provar isso racionalmente mas foi verdadeiro.

Bem, acho que é isso aí.

kleber araujo disse...

caro Raul,

antes de mais nada uma observacao: embora a frase seja infeliz,no sentido de ambigua, afirmar,como fez a revista, que DEUS é uma concepcao humana nao significa,necessariamente dizer que diz é uma mera criacao humana desprovida de uma existencia em si.
a etimologia da palavra concepcao poderia levar a essa conclusao,entretanto, o que se quer dizer é que DEUS é um conceito,ou se prefirirem os mais exigentes,uma intuicao,visto que defenir DEUS em um conceito seria limita lo, construido ou construida ao longo da historia. Penso que seria subestimar em muito pesquisadores serios e talentosos como a christine,dar tal sentido a esta frase,ate porque, metafisicamente falando, dizer que construimos uma ideia ou concepcao sobre algo é passível de filosoficamente e antropologicamente,no caso,afirmar que este conceito ou ideia tem no mínimo a possibilidade de ter uma existencia em si; face ao exposto minha primeira crítica a revelacao progressiva, e criticar nao eh necessariamente dizer,pelo menos nao por enquano, que tal ideia é um equivoco,é a seguinte: do ponto de vista lógico o discurso racional cientifico e o teologico podem serem visto como dos conjuntos de axiomas implicando cada qual em conclusoes ora semelhantes ou diversas o fato eh que sob esse olhar a revelacao progressiva é tautologicamente equivalente a se dizer que DEUS ou sou conceito ou a intuicao deste,como queiram,é fruto do processo historico. Tal conceito teologico entao nao acrescenta em nada,do ponto de vista logico racional ao debate.Negar seria tb negar o outro.Bem esse eh um assunto que caberia ou cabera varias linhas de comentarios mas em relacao a ele eu vou parar por aqui esperando possiveis discordancia.

Em relacao ao salmo 82 Raul,eu acho que nao fui muito claro,vc esta certo em dizer que filologicamente falando a opiniao de jesus é importante,sim obvio que é,o que se esta colando,friso: como hipotese, é que filologicamente ela nao so é passivel de estar equivocada como a propria interpretacao que vc esta a usar da resposta de jesus na biblia possa estar equivocada,a pergunta é: considerando a cultura,a linguagem empregada nos textos,a época historica etc...,qual eh a origem desse texto,quanto tempo depois disso jesus tem contato com esse texto etc etc.

ou seja Raul,christine hayes e companhia limitada,estao filologicamente e cientificamente colocando em duvida,friso novamente,ainda no mero campo das hipotes,levantando duvidas razoaveis sobre a sua classica interpretacao teologica.

kleber araujo disse...

continuacao...

Tendo em vista que eu acredito em Deus embora nao seja cristao ou pertenca a qualquer congregacao religiosa, e ainda assim permaneca critico em relacao aos dois pontos de vistas,estou muito curioso em saber onde vc ver nisso um complicador.

Por ultimo: eu nao sei quem eh o grande publico da revista de maneira que so classificaria o artigo de descuidado e ate sensacionalista caso este publico sejam de pessoas em formacao de senso critico ingenuo,aqui permita me um comentario que nao pode ser generalizado: para alguem com uma educao basica em ciencias e que procura ler artigos cientificos e revista cientificas,eu nao classificaria a revista como tal e nao acho que seria necessaria tanta atencao assim em perceber que o texto trata se de conjecturas e pesquisas cientificas em andamento que podem ou nao se confirmarem.

ate mais.....

Raul Vitor disse...

Olá Kleber, tem sido bom discutir com você.
Vejamos:
1. Concordo. Algo ser uma concepção não significa dizer que esta coisa de fato não existe. Você como alguém que, pode se ver, entende alguma coisa de filosofia sabe muito bem disso! No entanto os neo-ateus científicistas AMAM de paixão omitir isso! Amam, porque isso os beneficia. Eles fazem a falsa afirmação: "Deus é uma concepção humana e por isso não existe." É uma afirmação filosoficamente falsa, mas eles continuarão fazendo enquanto haver pessoas simplórias para creditá-la. Então eu critico a utilização de ma fé feita pelos ateus e não a ideia em si.

2. Sua crítica ao conceito de revelação progressiva me parece uma argumentação cíclica e em nada atínge a revelação progressiva com algo válido. É interessante notar também que você tem uma preocupação com debate lógico racional e isso é bom, no entanto, você como alguém que se posiciona a favor da existência de Deus não pode ser deixar levar pelas armadilhas científicistas. Veja o exemplo, eles ditam as regras do debate de tal forma que todo o debate é realizado partindo do pressuposto de que milagres e outras características sobrenaturais não existem! Mas por que nós, que percebemos a existência de Deus e por consequencia do sobrenatural, temos de aceitar esses pressupostos!? Nós começamos o debate sem nenhuma chance de vencermos! A menos que demonstremos que o cientificismo foge do "ringue" ao estabelecer as regras do debate e nós simplesmente aceitarmos calados! Preste atenção: aquilo que esta pressuposto não se discute. Temos de tomar cuidado com os pressupostos!

3.Eu considerei o texto original, a cultura judaica e o contexo histórico ao fazer a interpretação do salmo 82. Eu conclamei a autoridade da interpretação de Jesus apenas como corroboradora de um argumento histórico-hermeneutico que eu já havia apresentado!

4.A minha intepretação é clássica, com certeza, você tem razão em dizer isso. No entanto, só o fato dela ser clássica já diz muita coisa. Ou seja, ela já vem se sustentando a séculos. Já parou para pensar no porquê? É ótimo que o debate traga dúvidas porém, infelizmente tenho tido a impressão de que nós que defendemos interpretações clássicas parecemos não ter direito de defender nossos posicionamentos! É meio como "Você esta defendendo um ponto de vista do século passado! Cale sua boca!" Isso não faz nenhum sentido lógico! Porque uma intepretação seria pior apenas porque é mais antiga que determinada? Pensar assim é realmente um absurdo (não estou dizendo que você pensa assim, estou mais num momento desabafo pra dizer a verdade 'risos'). Continua..

Raul Vitor disse...

5. Vejo a falta de posicionamento como um fator complicador para o debate pois, pessoas que não se posicionam podem fugir de ter de confrontar argumentação. Não estou afirmando que este é seu caso, mas constantemente em meus debates escuto um "Ah! Mais eu não sou nem (ponha aqui a orientação filosófico-religiosa de sua preferencia)"
Pessoas que ainda não se posicionaram sobre um assunto tem que buscar conhecimento mínimo sobre que posição querem defender e só então entrar em debates, caso contrário elas poderão discutir em busca de aprimorar seu conhecimento mas não debater. As duas coisas são diferentes.
Um exemplo, certa vez debati com um colega de faculdade, ele no começo apresentava argumentos ateístas, tomei a palavra depois que ele fez o uso dela e refutei todos os seus argumentos de forma que a plateia (no caso a sala de aula) me considerou por unanimidade vencedor na argumentação, ao passo que ele me respondeu apenas "Não estou nem aí pra o que vc disse não sou ateu mesmo!" Alguns de nossos colegas riram muito. E é de se rir mesmo, pois a pessoa faz todo um discurso e se aproveita de sua falta de posicionamento inicial para se safar do ônus da derrota no debate. Por essas e outras gosto de dabater com pessoas que se posicionam pois assim, evitamos esse tipo de posicionamento evasivo e imaturo.

6.Por ultimo, continuo afirmando que a reportagem é tendenciosa e não deixa claro seu posicionamento, alinhado claramente ao da grande mídia cientificista.

Abraços!

kleber araujo disse...

olá raul, como vai....

penso que minha ultima mensagem esclareceu meu posicionamento.

Quanto a revelacao progressiva até concordo e eu mesmo afirmei isso no texto exposto acima,que minha primeira crítica nao tocava em sua válidade lógica mas que nos termos que o debate foi sugerido,nao acrescentava em nada. Uma postura clássica tem com certeza,no mínimo,um valor historico e porque nao dizer epistemologico ,como vc sugere,mas por vezes representa um serio obstáculo a construcao de um nova visao tao ou mais fundementada,nao quero com isso menosprezar os clássicos.

Portanto quanto ao salmo 82 e face ao que ja foi dito aqui, eu penso que a opiniao da revista é muito razoavel e nada descabida.

Quanto a ser cíclico, as vezes eu penso isso no que se refere a esse diálogo,e alias Raul acredito que num debate sincero de ideias, e nao aqueles que sao simplesmente confronto de egos, nao ha perdedores, ganha aquele que melhor argumentou pois teve a oportunidade de exercitar sua visao e comunicar sua maneira de perceber certo assunto, e ganha aquele que ao perceber o equivico de suas ideias a reformula.

Se me permite ser cíclico,como vc diz, uma pergunta: vc acha que a revelacao de Deus termina com cristo e o novo testamento?
é teologicamente razoável supor que nao?

eu poderia afirma que DEUS É AMOR e que do amor ao proximo como a si mesmo e de DEUS sobre todas as coisas deriva se toda justa comunhao,religare com DEUS?

Quanto a revista ser tendenciosa, como eu disse isto é até possível mas apenas lendo aquele texto sem considerar os fatores ja citados eu nao tenho como afirmar nada.

ah Raul, gostaria de ler algo a respeito de dialogo inter religioso vc tem algum blog ou conhece algum

ps feliz natal

kleber araujo disse...

ops,esqueci algo:

bem quanto a possiveis armadilhas de um posicionamento cintificista,realmente penso nao ser esse meu caso, contudo voce comeca a tocar em algo interessante, caso alguem pergunte a um cientista se os chamados milagres existem,permita me dizer que todo grande cientista serio que tive a oportunidade de conversar e ou ler sobre o mesmo. na pior das hipoteses simplesmente disse: é improvável mas nada é absolutamente impossível e além disso a ciencia talvez nao seja capaz de responder questoes quanto a existencia ou nao de DEUS,existencia ou nao do espírito. De maneira que o que esta diante de nos eh a pergunta classica: o que é a verdade o que fundamenta a verdade;como a ciencia a filosofia a religiao tratam dessas questoes,quais os pontos fortes e fracos de cada um desses ramos de saber no que se refere a essas perguntas,acho que esse eh a questao a ser discutida

Raul Vitor disse...

Olá Kleber!
Muito bom nosso debate aqui, tivemos oportunidade de exclarecer mais as coisas. Pesquisarei um pouco sobre esse assunto que vc tem vontade de ler, no momento não tenho nenhuma boa indicação para fazer.
Quanto a existência de bons cientístas, que admitem não ser a ciência onipotênte, é maravilhoso saber que eles existem. Concordo nesse ponto com você.

Feliz Natal para você e sua família!

Mara disse...

Olá,
Acabei de ler seu post e não posso deixar de pensar que talvez você tenha feito muito da reportagem. Veja só, eu li a reportagem e achei uma deliciosa ficção (inclusive tive vontade de ler o livro). Eu acredito em Deus (embora não leve a Bíblia ao pé da letra, já que é um livro escrito e editado por homens, falíveis como eu) e a reportagem em nada abalou minha crença. E acho que não abalou a crença de ninguém, nem pró, nem contra...
Aliás, acredito que o ateu de verdade simplesmente ignora quaisquer discussões do gênero.
Um exemplo um pouco tosco... Não gosto de música sertaneja. Não ouço essas músicas. Não acesso notícias relacionadas. É um universo totalmente alheio para mim. Pronto.
Quando as pessoas tentam provar desesperadamente seu ponto de vista, geralmente tentam provar para si mesmas. Eu creio em Deus, mas não tento prová-Lo para mim. Entendo que isso é um exercício de fé. O cientista, quando tentar provar que Deus não existe, tem dúvidas. E o crente, quando tenta provar que ele existe, busca uma prova para sustentar sua própria crença (mas a fé não deveria precisar de prova...).
Enfim, você está certo quando diz que a reportagem peca por não observar princípios básicos do jornalismo, ela soa mais como uma estória... Mas não acho que ela seja tão danosa assim...
Enfim, cada homem com a sua verdade e Deus com Ela.

Raul Vitor disse...

Olá Mara! Obrigado por comentar.
1 - Eu não fiz "muito da reportagem" eu desfiz a reportagem (isso não é grande coisa).
2 - Que bom que você tenha achado uma "deliciosa ficção" mas existem muitas pessoas com dúvidas que merecem ser esclarecidas.
3 - Para quem crê em um Deus onipotente, onipresente e onisciente não acreditar que Ele possa ter inspirado um livro não faz o menor sentido. Geralmente desculpa de quem não quer seguir preceitos bíblicos (não estou dizendo que é seu caso, eu procuro não cometer "leitura mental" em minhas argumentações).
4 - Dizer que a reportagem não abalou a sua crença é aceitável, agora dizer que ela não abalou a crença de ninguém?! Como você sabe disso? Conversou com todas as pessoas do Brasil que leram a reportagem?! Claramente Falácia da Leitura Mental.
5 - "Aliás, acredito que o ateu de verdade simplesmente ignora quaisquer discussões do gênero." Aqui você se diz teísta e está representando os ateus?! E mais, ainda alega saber a diferença entre ateus de mentira e de verdade.
6 - Seu exemplo foi realmente muito tosco. Nele você admite que não procura se informar sobre algo só por que não é do seu gosto.
7 - "Quando as pessoas tentam provar desesperadamente seu ponto de vista, geralmente tentam provar para si mesmas." Leitura mental novamente.
8 - "Eu creio em Deus, mas não tento prová-Lo para mim." Se você crê já provou para si mesmo. A frase "eu apenas creio" não faz sentido. A fé pode não precisar de provas mas é totalmente ligada ao Testemunho.
"A fé vem pelo ouvir,e o ouvir pela palavra de Deus." Romanos 10:17
9- "E o crente, quando tenta provar que ele existe, busca uma prova para sustentar sua própria crença" Na verdade diversas coisas sustentam a fé do cristão: A já citada palavra de Deus (bíblia), comunhão em Igreja, circusntancias e principalmente "Testemunho do Espírito Santo". Logo sustentar a própria crença é algo totalmente lícito. O próprio Jesus ensinou a seus discipulos que pedissem mais fé.
10 - "Enfim, cada homem com a sua verdade e Deus com Ela." Deus enviou Sua Verdade para os homens, e você pode experimentá-la agora mesmo! A Verdade de Deus chama-se Jesus Cristo e está acessível, por meio dessa fé que vem pelo ouvir da palavra a todos os homens! Eu te convido a procurar conhecer esta, que é a única Verdade.

Pharazon666 disse...

Na verdade a matéria não fala sobre a existencia de deuses ou não, ela fala sobre o surgimento do deus dos cristãos na cultura humana.

Archidy Picado Filho disse...

Em Deus, uma biografia a Bíblia é tratada como obra literária cujo personagem principal não é o ser humano, a criatura, mas Deus, o criador. A questão não é provar se Deus existe ou não existe de fato, já que, na condição de personagem literário, ele é uma realidade. Dessa perspectiva, aprendemos que o “personagem” Deus não surgiu pronto e completo nas primeiras páginas da Bíblia, mas foi desenvolvendo sua personalidade infinitamente rica e complexa aos poucos. Para tanto, fundiu em si mesmo aspectos do caráter de outros deuses para atender às necessidades da contínua evolução social e psicológica da sua “imagem e semelhança”, a espécie humana. A agilidade e a fluência do estilo de Jack Miles, mescladas à sua grande erudição, tornam este livro profundamente esclarecedor sobre o homem e suas relações com a transcendência.

Raul Vitor disse...

Archidy, seu comentário é sensato e acrescenta a postagem. Desde já muito obrigado.
Insisto apenas que, essa clareza argumentativa que você afirmar existir no livro de Jack Miles, infelizmente, não está presente na matéria de SuperInteressante que, volto a afirmar, transformou os argumentos de Miles em propaganda neo-ateísta.

raimundo assis do nascimento disse...

sou historiador, formado pele universidade federal do acre,professor da rede estadual de educação,pós graduado em psicopedagogia,bem do ponto de vista histórico a verdade não existem,pois cada um tem seu ponto de vista,e se e para falar de verdade,no presente não da para da uma opinião,temos representações de verdade e não verdade