sábado, 4 de abril de 2009

"Deus: o totalmente Outro."



Karl Barth¹, em várias de suas preleções, gostava de fazer a seguinte afirmação:
"Deus é o totalmente OUTRO."
Ele se beneficiava da linguágem construida pela antropologia para descrever os povos com cultura muito dispare da nossa, ou seja, o "outro". Assim, o que Barth queria dizer é que Deus é o máximo que pode haver do outro em relação a nós, as atitudes do Grande Eu Sou são infinitamente distantes das nossas.
Poderiamos esgotar a quantidade de caracteres possíveis num post de blogspot com exemplos desse princípio enunciado por Barth, no entanto, gostariamos de deixar apenas um, que falou particularmente ao nosso coração, surgido num insight de EBD².
Acho difícil alguém que não tenha passado por essa situação, ou mesmo não tenha protagonizado essa situação. Você conhece uma pessoa, é amigo dela, já fez muito por ela, você tem uma história com essa pessoa, mas, infelizmente, em um péssimo dia, você tem um problema com essa pessoa, em um claro e bom "brasilês" você "pisa na bola" com essa pessoa. O que acontece? Baseado em toda a história que vocês tem juntos, essa pessoa resolve te perdoar e esquecer a mancada?! Não. É isso aí, apesar de tudo o que vocês construíram antes a pessoa simplesmente não te perdoa, ou diz que perdoa e continua afastada, enfim, todos os anos anteriores de nada valem mediante a situação recente.. Infelizmente esse é o ser humano.. De fato, raros são os casos onde a confiança é plenamente reestabelecida.³
Pois bem Raul, para que você me expôs a teologia e antropologia no começo desse post? Pra dizer uma coisa que todo mundo sabe? Calma, que agora vêm o insight (Risos).
De fato, Deus é justo o contrário de nós. Deus toma a atitude totalmente inversa. Ele vem e perdoa o ser humano que passou a vida toda o contrariando e fazendo tudo na contra-mão da Sua vontade. Muitas vezes nós deixamos de perdoar pessoas que passaram toda sua vida nos ajudando e compartilhando bons momentos, enquanto Deus perdoa aquelas pessoas que passaram a vida toda distantes dEle. A atitude divina é totalmente outra em relação a nossa. O ladrão da cruz provavelmente seja o exemplo mais clássico disso, a frase que ele ouviu da boca do Deus encarnado muito me emociona mesmo depois de ouvi-lá tantas vezes: "Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso."
Deus não se decepiciona com ninguém, ele é onisciente, não pode se decepicionar(4), ele decidiu confiar a obra dEle a mim e a você mesmo sabendo de TODAS as nossas mancadas e "pisadas na bola". Cabe a nós aprendermos a perdoar pessoas e restabelecer vínculos com elas como Deus faz conosco praticamente todos os dias. Podemos nos decepicionar com as pessoas, ao contrário do oniscinete Deus, mas devemos nos lembrar que também decepicionamos pessoas e esse é um dos muitos motivos a favor de que nós exerçamos o dom de perdoar ( o principal é o fato do próprio Mestre nos exortar a perdoar). Para conseguirmos isso contaremos com o amor dEle em nós, e isso significa que se não estivermos em sintonia com Ele, não conseguiremos perdoar e reestabelecer vínculos quebrados.
Que o totalmente "Outro" nós abençoe e nos faça a cada dia, através do seu Santo Espírito, menos "outros".






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1. teólogo sobre quem já falamos em posts anteriores: http://argumentosbrejeiros.blogspot.com/2008/10/do-you-want-to-believe-in-living-christ.html
2. Escola Bíblica Dominical - Todos os domingos as 9h da manha numa Igreja Batista próxima de você.
3. Nota humorística: "Confiança é como preparo físico, você demora anos pra construir e pode perder tudo em duas semanas."
4. Quer saber mais sobre isso, escute: http://www.irmaos.com/ariovaldoramos/audio.php?id=33

Um comentário:

Sidão disse...

Muito bom esse texto, que sejamos completamente o outro em varios lugares e situaçoes das nossas vidas.