domingo, 23 de novembro de 2008

Os Cinco Argumentos do Tomismo


Tomas de Aquino (1226-1274) nasceu em Nápoles, sul da Itáia. é considerado um dos maiores filósofos e apologetas da história. Sua filosofia, o Tomismo, sempre teve objetivos claros: comprovar a logicidade da fé cristã. Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento aristotélco em busca de argumentos que explicassem os principais aspectos da fé cristã. Aquino não apenas utilizou a filosofia de Aristóteles a serviço da fé, mas ao faze-lo criou também uma síntese filosófica original.
Nesse post quero compartilhar as cinco provas da existência de Deus, segundo Tomás de Aquino. Elas seguem abaixo:

1. o primeiro motor - tudo aquilo que se move é movido por outro ser¹. Por sua vez, este outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser. E assim sucessivamente. Se não houvesse um primeiro ser movente, cairíamos num processo indefinido. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário chegar a um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro. Esse ser é Deus.

2. a causa eficiente - todas as coisas existentes no mundo não possuem em si próprias a causa eficiente de suas existências. Devem ser consideradas efeitos de alguma causa. Tomás de Aquino afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas eficientes. Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa causa primeira é Deus.

3. ser necessário e ser contingente - este argumento é uma variante do segundo. Afirma que todo ser contingente², do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Ora, se todas as coisas que existem podem deixar de ser, entao, alguma vez, nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já exista. É preciso admitir, então, que há um ser que sempre existiu, um ser absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa da sia existência, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus.

4. os graus de perfeição - em relação à qualidade de todas as coisas existentes, pode-se afirmar a existência de graus diversos de perfeição. Assim,afirmamos que tal coisa é melhor que outra, ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais verdadeira etc. Ora, se uma coisa possui "mais" ou "menos" determinada qualidade positiva, isso supõe que deve³ existir um ser com o máximo dessa qualidade, no nível da perfeição. Devemos admitir, então, que existe um ser com o máximo de bondade, de beleza, de poder, de verdade, sendo, portato um ser máximo e pleno. Esse ser é Deus.

5. a finalidade do ser - todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade, semelhante à flecha dirigida pelo arqueiro. Devemos admitir , então, que existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.

No meio filosófico há muita gente que diz já ter refutado logicamente os argumentos de Tomás de Aquino. Eu particularmente nunca achei alguém que conseguisse me convencer de que os argumentos não são corretos. Principalmente 2, 3 e 5. O meu favorito é o três.
Obrigado por ler e aguardo comentários!
Abraços!

Referências Bibliográficas
Fundamentos da Filosofia: História e grandes temas.



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1.Ao tratar de filosofia, desvencilhe da sua mente a associação que correntemente fazemos entre "Ser" e "Algo vivo". Resumidamente, em Filosofia, "Ser" é uma unidade de existente.

2. Todos os seres que captamos pelos sentidos são seres contingentes, isto é, não possuem, em si próprios, a causa eficiente de suas existências. Portanto, para existir, o ser contingente depende de outro ser que representa a sua causa eficiente, chamado de ser necessário.

3. "deve" aqui não conota o sentido de "possivelmente" ou "provavelmente", como é de costume uso no "goianês", e sim tem um sentido imperativo.

domingo, 9 de novembro de 2008

Apologia da Apologética





I Pedro 3:14-16 “Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amendontreis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e teor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo”

A palavra Apologia é transliterada do grego e significa literalmente “defesa”. A apologética é a ciência ou disciplina que se esforça por apresentar a defesa da fé religiosa, existindo dentro e fora da Igreja cristã. Presumivelmente, a apologética aborda questões defendidas por alguma fé religiosa específica, como o cristianismo, mas que são negadas pelos incrédulos. No uso comum, a palavra é usualmente empregada para definir a defesa do cristianismo. A apologética tenta elaborar e defender uma visão cristã de Deus, da alma e do mundo, uma visão apoiada por raciocínios reputados capazes de convencer os não-cristãos da veracidade das doutrinas envolvidas. Trata-se também de um esforço para antecipar possíveis pontos de ataque, defendendo as doutrinas cristãs contra tais ataques.
Assim sendo o tema da nossa fala é um jogo de palavras “Defesa da defesa”, pois, nosso objetivo hoje é convencer o máximo de pessoas possível da necessidade eminente de se saber defender a fé que se professa.
Antes de tudo acho necessário mostrar a vocês que todo cristão verdadeiro é um apologeta, mesmo que não o saiba, ou, como veremos mais a frente, que não o queira ser . Qualquer pessoa que professa uma fé religiosa esta fazendo apologia dessa fé, ninguém em sã consciência defende algo no qual não acredita de fato, ou que pelo menos não concorde em partes. Dessa forma o que existe no mundo do cristianismo são apologetas despreparados e apologetas preparados. O que você deve entender é que esse é um embate do qual não há formas de escapar caso você queira ser verdadeiramente sal e luz nesse mundo. Vamos então a uma breve analise daquilo que este destacado no texto bíblico:

I - A palavra de Deus nos orienta a não nos amedrontarmos com as ameaças, nem ficarmos alarmados quando pessoas nos questionarmos a respeito daquilo em que cremos. Daí vem o seguinte questionamento: como não ficar alarmado e amedrontado com as perguntas que os incrédulos fazem se você de fato não possui argumentos que defendam as suas crenças?!? Segue logicamente que para cumprir esta exortação bíblica estudar é necessário.

II – Estando sempre preparado para responder TODO aquele que pedir RAZÃO da esperança que há em voz. Nesse trecho quero dar atenção a duas palavras, todo e razão. Devemos estar preparados para responder qualquer pessoa! O texto diz “todo aquele”, nosso testemunho dever ser o mais amplo possível. A segunda palavra é interessantíssima: razão. Veja, Pedro esta dizendo que você deve apresentar motivos da ordem do seu intelecto, argumentos que solidifiquem a sua esperança. Dizer a um não-crente que Jesus é bom, sem saber explicar o porquê de Jesus ser bom não vai adiantar nada caso essa pessoa tenha um grau mínimo de sendo crítico! Agora, caso você consiga versar com eloqüência sobre o plano da salvação aquela pessoa, caso não aceite a mensagem em seu coração, passará a te respeitar. Este é o assunto do terceiro destaque no texto.

III – Com boa consciência. Esta palavra no mundo antigo pode ser empregada em um sentido que é pouco utilizada hoje o qual temos acesso através de uma analise simples de radicais: com ciência. Ou seja, Pedro quer dizer que o cristão deve ter ciência daquilo que esta falando! Ele deve ter real conhecimento dos argumentos que esta utilizando, caso contrário será ridicularizado naquilo que crê. Crer é um verbo transitivo direto, quem crê, crê em alguma coisa. Se o seu conhecimento acerca do que você crê é pífio, infelizmente sua crença é pífia. Digo isso não somente em questões apologéticas, mas em questões emocionais e místicas o seu relacionamento com Deus também é afetado diretamente por aquilo que você conhece acerca dEle.

IV – Devo confessar que o quarto ponto que quero destacar é um dos meus preferidos. Um dos objetivos da apologia é envergonhar aqueles que difamam nosso proceder em Cristo. Note que isso deve ser feito para a glória das verdades bíblicas e não para nosso deleite pessoal. Todas as vezes que o doutor William Laine Craig vence um cientificista ateu em um debate filosófico essa pessoa é envergonhada em público, pois, tem seus argumentos contrários a palavra de Deus refutado por alguém capacitado para tal. Você pode ter certeza que tal incrédulo não se converterá depois da discussão e pode ate achar que isso será um desgaste e uma perda de tempo mas eu quero te lembrar que todas as vezes que você vence um embate retórico contra um descrente há pessoas assistindo e essas pessoas terão a oportunidade de perceber que aquelas idéias defendidas pelo descrente não são verdadeiras e terão uma chance de aprender o caminho correto. Se você se abstém da discussão por que o descrente é seu amigo ou mesmo por que não esta preparado para tal tenha consciência de que nesse momento você esta perdendo uma oportunidade de testemunhar e defender a palavra de Deus. Note que o discernimento é fundamental aqui, não estou incentivando ninguém a ser um inconveniente causador de polêmicas, todos devem ter a sagacidade de saber a hora correta de engajar em um embate apologético. Infelizmente o que ocorre é que perdemos constantemente oportunidades dadas por Deus de sairmos em defesa intelectual de sua palavra.

O mais triste hoje em dia é vermos pessoas que se dizem cristãs evangélicas negarem a apologia. Elas afirmam que a apologia é uma muleta para intelectuais que não se curvaram ainda diante da dependência de Deus e ainda completam seu argumento pueril dizendo que nada além da fé é necessário para se conhecer a Deus. Em nosso ponto de vista este tipo de pensamento vem se alastrando no meio evangélico, principalmente por dois motivos:
O primeiro diz respeito a constante busca por experiências místicas no meio evangélico de nossos dias. Infelizmente hoje dizer que se descobriu algo importante lendo a bíblia não tem mérito algum ao passo que dizer que um anjo o visitou em sonho e o revelou algo rende badalação e uma espalhafatosa aparição no “culto” de domingo perante uma platéia lotada. Dessa forma, o meio evangélico vem perdendo credibilidade a uma velocidade alarmante a tal ponto que quando chegamos a uma universidade, por exemplo, temos que primeiramente nos desfazer da má fama que vem sido imputada aos evangélicos para só então depois ganhar a confiança das pessoas e poder prega-las o verdadeiro evangelho. Quanto a este aspecto vale sempre citar Martinho Lutero que disse a seguinte frase: “Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir."
O segundo motivo pelo qual pensamos ser responsável pela apologia estar em baixa no meio evangélico contemporâneo é o fato de que a maioria esmagadora das igrejas não-históricas não disporem de um sistema de ensino bíblico eficiente e coerente como a Escola Bíblica Dominical, por exemplo. Pautados então na ignorância a respeito da palavra de Deus estas pessoas preferem dar credito a conhecimentos inatos, revelados ou “profetizados” justamente por não possuírem uma oportunidade real de conhecer a palavra de Deus, que esta perfeitamente revelada nas escrituras. Como alguém que mal conhece o básico das escrituras dará valor a uma disciplina que pretende defender os mais complexos conceitos do cristianismo? Assim essas pessoas preferem ridicularizar nossos esforços para compreender, ensinar e defender o conhecimento bíblico sempre se utilizando de chacotas infantis como “Isso ae não salva a alma de ninguém!” ou mesmo “O evangelho é simples vocês é que o complicam” além é claro da clássica “Lá vem os batistas!”. Concordo plenamente que a mensagem salvadora da cruz é simples de se aceitar, ela esta divinamente apresentada em linguagem mítica e graças a isso pode ser facilmente compreendida por toda a humanidade, porém, qualquer pessoa que diga que a doutrina paulina da ressurreição dos mortos é algo simples esta sendo no mínimo soberba!

Concluindo, caso os argumentos tenha te convencido, agora você sabe que todo cristão é em dada medida um apologeta. O que não dá pra você discordar é do fato da própria bíblia exigir isso de você como cristão verdadeiro. Sabendo disso eu quero te conclamar a fazer uma escolha: você pode ser um mal apologeta ou um bom apologeta, você pode ser um cristão que sabe no que crê ou um cristão que de fato apenas sabe que vai pro céu e esta totalmente satisfeito com isso. O direito de escolha é só seu. Ninguém poderá forçá-lo a aprender sobre os argumentos que defendem a fé cristã. O que acontece é que de agora em diante você sabe que isso é um mandamento bíblico e sabe o quanto isso é importante. Portanto tome uma atitude hoje mesmo, estude a bíblia com mais afinco, procure o seu pastor ou pessoa que possa te ajudar a crescer no conhecimento da bíblia e a ter bases sólidas para fundamentar aquilo que você crê.
Em uma próxima oportunidade gostaria de compartilhar com você alguns dos principais argumentos lógicos, filosóficos e ate mesmo científicos que comprovam com a razão aquilo em que já cremos pela fé. Como diz o título de um dos livros de Karl Barth “A fé verdadeira esta sempre em busca de compreensão.”