sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Relativismo Absoluto e o Conceito de Verdade



É extremamente comum nos dias de hoje, e principalmente no meio acadêmico, a idéia de um relativismo absoluto. Afirmações como: "Não posso fazer nada por que a minha opinião é verdade para mim mas não é para o outro" "Não podemos dizer que isso é errado pois é apenas a nossa opinião que não é a de fulano.". E a mais grave de todas: "Que bom que Jesus faz bem pra você! Desde que você não force ninguém a aceitar Jesus também isso é ótimo!" Todos esses discursos que eu arrolei acima fazem parte do que eu chamo de Relativismo Absoluto. Nesse texto pretendo mostrar como esse Relativismo Absoluto pode levar o Cristão, paulatinamente a negar princípios cristãos fundamentais e como isso pode leva-lo a uma das piores praticas dos nossos dias: o cristianismo relativista ou "de fachada".
Inicialmente gostaria de deixar claro, para que não tenham oportunidade de me mal interpretarem, que sou contra toda e qualquer espécie de violência baseada em qualquer principio e mais ainda quando esse principio é religioso. Assim se o leitor pensa que pode usar os argumentos seguintes para afirmar caluniosamente que eu defendo algum tipo de "guerra santa" é melhor parar de ler o texto por aqui, pois não lhe darei essa oportunidade. A bíblia é clara em afirmar que o evangelho não vem nem por força nem por poder.
O Relativismo Absoluto prega que a Verdade não é unica, segundo essa corrente de pensamento, que se considera moderna, existem varias verdades que valem para aqueles que nelas acreditam e que essas verdades não podem se excluir por serem elas questões culturais. De fato, devo admitir que "verdades absolutas" trouxeram o homem a situações completamente kaoticas como por exemplo o Nazismo, porém como ressaltei os fascismos foram "verdades absolutas" e não "A Verdade Absoluta". Logo, argumentar que a defesa de uma verdade absoluta pode gerar uma situação totalitária é sim valida, porém no âmbito do "pode vir a ser" podemos argumentar todo o tipo de coisa por mais esdrúxula que ela seja. Dessa forma um dos argumentos do Relativismo Absoluto é a prevenção do preconceito e de praticas fascistas totalitaristas, o que já vimos não fazer muito sentido.
A pratica relativista têm figurado em muitos âmbitos da vida moderna, e tem sido amplamente usada como desculpa e pretexto de omissão do homem dos nossos dias diante de diversos fatores cruciais de sua própria vida, como por exemplo questões morais, éticas e principalmente religiosas. Assim, vejo o Relativismo Absoluto como a grande "muleta" do século XXI, onde o homem moderno se apóia na tola tentativa de burlar sua própria consciência e prorrogar o máximo possível o seu inevitável encontro com Deus.
Veja só, não estou atacando a tolerância religiosa, graças a Deus, vivemos em um país de principio democráticos onde é permitida qualquer espécie de manifestação religiosa. E isso é bom, protestantes sabem disso pois seus missionários sâo perseguidos em locais onde não há tolerância religiosa. O que quero deixar claro é que existe uma diferença colossal entre tolerância religiosa e Relativismo Absoluto. Explico. Tolerar e conviver com outras religiões é algo essencial e faz total sentido se realmente cremos que Deus deu Livre-Arbítrio aos seres humanos. Isto é completamente diferente de não atribuir verdade a determinada religião. Respeitar uma religião não implica em que eu tenho que acreditar no que ela prega. Ora! Isso é obvio! É aqui que o Relativismo Absoluto se diferencia de tolerância religiosa, para o relativista toda religião contem a verdade. É o velho ditado popular "Todas as Religiões levam a Deus". O Cristianismo nega essa afirmação. O próprio Cristo afirmou ser o caminho a verdade e a vida e acrescentou para que não houvessem duvidas de que ninguém iria a Deus se não fosse por Ele. Logo não há possibilidades coerentes de ser um cristão verdadeiro e um relativista ao mesmo tempo. Ou há de se crer que Cristo estava certo ou há de se atribuir verdade a todas as religiões. O próprio Cristo afirmou que para aqueles que o seguem há o sim, sim e o não, não. Se creio que há redenção em todas as religiões sou completamente incoerente ao pregar o evangelho. Só transmitira efetivamente a mensagem de Cristo aquele que realmente acredite que as pessoas precisem dessa mensagem. Caso contrario você não passará de um grande paradoxo que não tem nada a acrescentar a ninguém. Dái nos perguntamos: queremos parecer politicamente corretos perante a sociedade, ou queremos nos apresentar como servos fieis perante Deus? A escolha é de cada um.
O discurso relativista absoluto penetrou sutilmente meu intelecto de tal forma que me peguei varias vezes pregando um evangelho morto, pois o estava relativizando para que ele parecesse mais aceitável a pessoas que tenham um grau de conhecimento intelectual maior, porém ao fazer isso eu estava duvidando da capacidade da própria Revelação de Deus, cometendo um terrível engano, pois só há poder no Evangelho para Salvar se este for pregado sem mentiras e meias palavras. Hoje já me arrependi de tal atitude e estou certo de que Deus me perdoou. Minha escolha hoje é não mais parecer politicamente correto perante o mundo acadêmico mas sim parecer fiel aos olhos de Deus.
Para finalizar gostaria de compartilhar com vocês um exemplo e um dialogo que podem ajuda-lo a entender que existe uma Verdade em relação a Deus. Suponha que você nunca tenha visto a minha mãe ( e pode ser que você nunca tenha visto mesmo) eu então peço uma descrição física da minha mãe a você, porém peço a mesma descrição de mais 3 pessoas, que igualmente a você nunca viram minha mãe. As descrições que você e essas pessoas darão sobre a minha mãe, que vocês não conhecem, variará em tamanho, em cor de cabelo e de pele, em formato de rosto e em varias outras coisas mais. Porém minha mãe existe independentemente da descrição que fizeram dela, e mais, ela existe e é diferente de todas as descrições que fizeram ao seu respeito. Todas as coisas existem independentes das opiniões que fazemos delas. Deus não é diferente. Não se iluda pensando que Deus é uma "força maior" passível de interpretação pessoal. Assim como a minha mãe Ele existe e independe da sua opinião a respeito dEle.

O dialogo que quero deixar com vocês é uma conversa entre Sócrates e Protágoras, que fala por si só:

Protágoras: A verdade é relativa. É questão de opinião.

Sócrates: Você quer dizer que a verdade é uma mera opinião pessoal?

Protágoras: Exatamente. O que é verdade para você é verdade para você, e o que é verdade para mim é verdade para mim. A verdade é pessoal.

Sócrates: Você realmente acha isso? Que a minha opinião é verdade em virtude de ser minha opinião?

Protágoras: Eu realmente acho.

Sócrates: A minha opinião é: a verdade é absoluta, não é opinião, e que você, Sr. Protágoras, está absolutamente errado. Como esta é a minha opinião, então você deve concordar que ela é verdade, de acordo com a sua filosofia.

Protágoras: Você está totalmente certo Sócrates.




Suponho que Brejeiro diria o seguinte a respeito do Relativismo Absoluto:

-"Isso me cheira a conversa de feiticeira verde."

2 comentários:

Tássya disse...

Segundo texto vencido.
Eu costumava ser relativista. Não serei mais. Vc me ajudou muito com esse texo, Raul.

Alan Rodrigo Apio disse...

Sua analogia com a mãe não se aplica a deus. Sua mãe é uma conclusão baseada em evidência, você! Deus é uma conclusão baseada em fé, não no real. Na verdade é uma interpretação do que no mundo real não existe. Logicamente as interpretações variam grandamente, muito mais do que a descrição de sua mãe.