
domingo, 1 de maio de 2011
"É o cristianismo uma reinterpretação da filosofia grega?"

terça-feira, 5 de abril de 2011
Robert Bell e o mundo sem inferno ou a “teologia inovadora” de 1468 anos atrás.
Antes de começarmos a nossa postagem de hoje é necessário que vejamos um vídeo:
https://www.robbell.com/lovewins/
Como você pode perceber trata-se da propaganda do mais novo livro do pastor Robert Bell.
Nesse livro ele argumenta, entre outras coisas, que Deus salvará todas as pessoas e que o inferno não existe.
Agora que você já viu o vídeo vamos avaliar discurso do pastor Rob Bell na propaganda de lançamento de seu livro: Primeiro analisemos a imagem que Robert Bell vende de si mesmo. Ele é o diferente, o novo. Ele não usa terno, faz um visual meio geek/nerd, com um oculozinho de maça preta cabeça rapada sempre com uma das mãos no bolso e andando como se fosse um coitadinho que sempre sofreu bullying na escola, sim essa é a impressão que me passa. O visual e a retórica de Bell transmitem a sensação de que ele próprio está de fora daquilo que ele apresenta. Ele parece qualquer coisa, um jovem universitário cursando pós-graduação, um personagem de the big bangt heory, enfim ele parece tudo isso menos um pastor. E aí vem meu primeiro questionamento ao senhor Robert Bell: “Por que ele não quer parecer o que ele é?” Ou pelo menos o que ele afirma ser, por que para mim ele deixou de ser um pastor já há muito tempo. Os norte americanos e britânicos já estão cansados de homens de terno de cores extravagantes levando seu dinheiro embora (BennyHim; Pat Roberston; Jonathan Bell; Morris Cerullo; etc. etc.). Robert Bell sabe disso. Ele sabe muito bem o que ele não pode parecer. O tele-evangelismo lucrativo dos anos 80 se reiventou e só da certo ainda na mesma velha formula em países de terceiro mundo como o nosso. Fica aí a reflexão paralela, por que muitas vezes não queremos parecer ser quem de fato somos? (Por favor não simplifique minha discussão eu, obviamente, não estou falando que crente não pode ter cabelo grande, fazer tatuagem e vestir camisa de banda de heavy metal, até mesmo por que eu uso camisa de banda de rock e seria no mínimo hipócrita em criticar isso).O caso aqui é que como Robert Bell quer pregar um evangelho diferente de todos os que já foram pregados ele tem que se apresentar como um pastor diferente de todos aqueles que já pregaram evangelho alguma vez.
Sinceramente, quando vejo gente inovando demais eu me preocupo um pouco. Sim, eu me preocupo por que quando se trata de praticar uma religião fundada no século I d.C. e que teve sua mais antiga raiz no pacto de um Deus, bem diferente dos demais, com um homem que vivia na mesopotâmia a mais ou menos 3.800 anos atrás, eu fico me perguntando por que esse pessoal gosta tanto de inovar. E o tom de Robert Bell é este: “Esqueça tudo o que você já viu sobre o evangelho! Chegou Robert Bell! O pastor que fala aquilo que você quer ouvir!” Soa familiar não é? Aonde você já ouviu esse discurso? Sim, são as propagandas da Polishop, os americanos adoram esse tipo de coisa: esqueça tudo o que você sabe sobre algo, a grande novidade que dá certo está aqui comigo. Creio que aqui não estou criando nenhum “espantalho argumentativo”. O vídeo de Bell está disponível no post, você pode ouvir as próprias palavras dele. E falando nas próprias palavras dele, vamos fazer agora aquilo que agente deve fazer de acordo com o apostolo Paulo: vamos analisar as palavras desse pregador a luz da Bíblia (Atos 17:11). Meu Inglês não é lá essas coisas, então as frases de Bell não estão literalmente tiradas do vídeo, que ainda não tem legendas para o português, mas você, afirmo mais uma vez, poderá ver o vídeo e comprovar se eu torci algo do que ele disse ou não. Na verdade Bell passa a maior parte de seu vídeo promocional usando a estratégia retórica da “metralhadora de perguntas”. Em um vídeo de menos de 4 minutos ele sai questionando tudo o que você sabe sobre doutrina da Salvação, sempre com um tom de voz bem apropriado para seus fins e abusando de falácias como a da “Falsa Dicotomia”. O que nós vamos fazer aqui é desmanchar sua vantagem retórica desacelerando seu discurso. Vamos pensar em suas questões com calma, não vamos passar para próxima a menos que tenhamos pensando bastante sobre a anterior. No final veremos se os questionamentos de Bell estão assim tão sem respostas como o vídeo dele tenta passar a impressão.
Questões apresentadas por Bell:
No começo do vídeo Bell conta uma historinha sobre sua igreja. Algum dos membros levou um retrato de Gandhi para uma determinada atividade. O retrato ficou exposto e alguém pregou, secretamente, um papelzinho no retrato da Gandhi com o seguinte escrito: “Nota da Realidade: Ele está no Inferno.” É, devemos admitir que Bell sabe o que está fazendo. Brilhante, escolher logo Gandhi para o exemplo. Claro! As pessoas admiram Gandhi. Temos aí então logo de cara uma apelação ao emocionalismo; e como isso dá certo. Logo em seguida ele emenda a pergunta: “Quem sabe quem irá para o céu e quem irá para o inferno?” A bíblia é muito clara sobre essa questão. Então por que Bell está fazendo a questão?! Por que ele está fazendo a questão para você?! Por que para Bell é a opinião pessoal que conta e não a revelação da Escritura! Quando um pastor está interessado em dar respostas bíblicas a questões ele não fica fazendo perguntas retóricas a sua audiência. Um pastor que quer as respostas bíblicas sabe a quem perguntar, este lugar é obviamente a Escritura. Bell sabe que quem sabe quem vai para o céu ou para o inferno é só o próprio Deus. Apocalipse 20:12 ensina que Deus é quem escreveu, abriu e leu o Livro da Vida. Ele e mais ninguém, sabe os que serão salvos e os que serão condenados. Porém a bíblia ensina que pessoalmente o ser humano pode ter certeza de sua salvação. João 3:16 ensina que todo aquele que crê que Jesus Cristo morreu e ressuscitou pelo seu pecado tem a vida eterna. E tantos outros textos mais poderiam ser citados aqui! Se Bell está perguntando aquilo para o qual a bíblia já dá respostas a cerca de 1900 anos nós podemos chegar a duas conclusão:
1.Bell não sabe que a bíblia tem essas respostas.
2.Bell não quer saber das respostas que a bíblia tem.
Porém, em seu currículo Bell afirma ter se formando no Fuller Theological Seminary, o que faz com que descartemos a conclusão 1. Ficamos então com 2.
Continuemos ouvindo o senhor Bell: “Será que alguns poucos escolhidos iram para o paraíso enquanto milhares de pessoas irão queimar no inferno?!” Apocalipse 7:9 diz: “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos;” Veja, eu ao contrario de Robert Bell, não quero distorcer a bíblia. É uma noção muito clara ao longo da bíblia que o numero de salvos é menor que o número de condenados. Jesus disse que poucos são aqueles que se acertam com o caminho. Porém percebemos que há uma questão de proporção aqui. Bell é muito enfático ele pergunta "alguns poucos vão para o céu e bilhões e bilhões para o inferno?" Ora senhor Bell, que estratagema retórico mais chulo! Uma palavra “poucos” contra uma noção numérica, das grandes e repetida duas vezes enfaticamente. Porém, o que o apostolo João narra de sua visão é bastante diferente do que Bell argumenta. João diz que os salvos diante de Deus formarão uma multidão que NINGUÉM PODE CONTAR! E mais, não é uma multidão de europeus, norte americanos ou de judeus é uma multidão de todas as tribos, povos e raças! No discurso de Bell o céu da bíblia parece uma festinha particular pra 10 ou 12 “gatos pingados”. Porém, o relato da visão de João e consequentemente o ensino bíblico é bem diferente da retórica de Bell.
Continua o discurso propagandístico de Bell: “Se é assim, o que é que se faz para ir para esse paraíso, é algo que falamos, algo que fazemos, uma classe que frequentamos, uma conversão pela qual passamos, algo que acontece no seu coração, é pelo batismo, como é que alguém se torna um desses ... “poucos” (tom de desprezo)? Dos questionamentos de Bell esse é o que mais me espanta. Veja que absurdo, como é que alguém formado em teologia pode ter alguma dúvida sobre como o ser humano é salvo?! Se eu fosse reitor do Fuller Theological Seminary soltaria uma nota de esclarecimento sobre esse aluno ou caçaria o diploma de teologia dele. Isso é doutrina bíblica básica! A salvação vem mediante a fé no sacrifício remidor de Jesus Cristo. Mas por que será que Bell está fingindo que não sabe disso? Simples, para o argumento central de seu livro funcionar, que diga-se de passagem não passa de uma heresia medieval revisitada, a verdade bíblica muito clara de como acontece a salvação do homem não pode ser evidenciada. Então Bell dá voltar retóricas apresentando coisas que qualquer aluno da classe de juniores da EBD sabe que de fato não levam o homem a salvação: ele fala de frequentar igrejas, algo que acontece no coração, batismo etc. sempre com seu tom de perguntas retóricas. Se isto não é a era da apostasia, que Deus me leve antes dela acontecer. Se a Igreja estivesse “bem da cabeça” bastava um sujeito desses transparecer que não sabe de onde vem a Salvação pra que ninguém desse um pingo se quer de audiência a ele. No entanto, parece que quanto mais asneira uma pessoa fala mais atenção é dada a ela.
Continua o discurso de Bell: “Ensinam que a mensagem principal do evangelho é que Cristo quer salvar você de ser mandado para o inferno pelo próprio Deus, então Jesus veio te salvar do próprio Deus? Que Deus é esse do qual nós precisamos ser salvos?” Distorção chula do ensino bíblico. Por acaso a bíblia ensina que Deus condenou as pessoas ao Inferno? Por acaso a bíblia ensina que Jesus Cristo veio nos salvar da condenação de Deus? O apostolo Paulo em sua carta aos Romanos ensina algo diferente do que Bell está ensinando. No capitulo 6 verso 23 Paulo diz: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Logo, o que separa Deus do homem, eternamente no inferno, segundo a bíblia é o pecado e não Deus. Perceba as implicações das declarações de Bell, em sua teologia moderninha Deus acaba sendo o próprio pecado! O ensino da Escritura é bastante claro em vários trechos: Jesus veio nos livrar do pecado e de sua consequência natural: a morte. Jesus veio nos reconciliar com Deus! (Rm 10.9) Como assim Jesus veio nos salvar do próprio Deus?! Acaso Deus fez nossas escolhas pecaminosas?! Eu não sou calvinista e muito menos ultra-calvinista, quem for que se vire com essas inconsistências.
E Robert Bell prossegue com suas sandices: “Essas são as inconsistências que fazem milhares de pessoas não quererem ter parte com o cristianismo.” Aqui Bell faz uma leitura mental do mundo não cristão inteiro. Deve ser por isso que ele usa esse visual de Professor Charles Xavier. Ele alega que todas as pessoas que rejeitaram o cristianismo o fizeram por causa das inconsistências que ele mesmo implantou no cristianismo (argumentação espantalho)! As inconsistências de Bell existem na cosmovisão que ele resolveu inventar. A cosmovisão cristã ortodoxa vai muito bem obrigado e tem respondido muito bem a estes questionamentos que, falaciosamente, Bell afirma que não tem sido respondidos. Quem dera as pessoas rejeitassem o cristianismo por pretensas inconsistências! As pessoas que querem viver suas vidas sem parte com a mensagem do evangelho tem as mais diferentes motivações que nós possamos imaginar. É simplista colocar todas elas em mesmo grupo, mais ainda é ingênuo acreditar que objeções lógicas são o que mais afastam as pessoas do evangelho. A experiência que tenho é de que pessoas com experiências emocionais ruins com o evangelho procuram, posteriormente a estas experiências, razões para ignorarem o evangelho. Existem pessoas que não se comprometem com o evangelho por razões puramente racionais? Claro que existem. Elas são a maioria? Creio que não.
Caminhando para o final do discurso de propaganda de seu livro, Bell diz: “As boas novas são muito melhores e maiores do que nós imaginávamos, a boa nova é que o ‘Amor vence’”. Ou seja, finalmente depois de tanto tempo você deixará de ser enganado, a boa nova de verdade não é aquela que os Anjos anunciaram aos pastores naquela noite em Belém. Não! A boa nova de verdade é que o mais novo livro de Robert Bell já pode ser comprado na livraria mais próxima.
No entanto, apesar de Bell se apresentar como sendo o que de mais novo e arrojado possa haver em Teologia, a ideia central do livro dele, o argumento de que o Jesus Cristo salvará a todos os homens independente de suas escolhas e que, portanto o inferno não existe, não passa de mais do mesmo. Essa heresia é tão velha quanto você pode imaginar. Ela chama-se Universalismo e foi refutada em 543 d.C. no Concílio de Constantinopla! Em outras palavras o livro de Robert Bell é um atraso para o Cristianismo, ele simplesmente esta trazendo a tona um erro que já foi extirpado do meio dos cristãos a 1468 anos atrás! Bell devia se apresentar não como um jovem intelectual cool da modernidade, mas como um herege do século VI d.C. É esse papel que ele de fato está representando.
Alguns textos Bíblicos que refutam a heresia Universalista:
Mateus 7:13-14; 13:4-19; 21:13; 25:31-46; Lucas 8:5-11; 2Tessalonicenses 3:2; 2 Pedro 2:15; João 14:6;
Alguns textos Bíblicos que afirmam claramente a existência do Inferno:
Mateus 5:22-30; 10:28; 16:18; 22:33; 23:15 (O próprio Jesus falando do Inferno) Marcos 9:43-47; (O próprio Jesus falando do Inferno) Lucas 10:5; 12:5; 16:23(O próprio Jesus falando do Inferno) 2 Pedro 2:4; Apocalipse 20:14; Atos 2:27; 2:31; Tiago 3:6 Provérbios 5:5; 7:27;23:14 2 Samuel 22:6; Jó 28:22 Salmos 9:17; 18:5; 1 Coríntios 15:55;
Enfim, você tem todo o direito de acreditar que o Inferno não existe. Mas vamos combinar uma coisa? Dizer que isso é o ensino do cristianismo é duvidar da capacidade de alfabetização das pessoas. Parabéns ao senhor Robert Bell que conseguiu aparecer na mídia e que também terá de dar contas perante o Trono de Deus das falsas doutrinas que está pregando. Termino a postagem com essa excelente frase que li em artigo do site : www.pulpitocristao.com “O Universalismo não passa da velha afirmação de Satanás repaginada: ‘Certamente não morrerás’”.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Lucas McGraw

http://www.youtube.com/watch?v=9BtLBAH98jQ
Lucas McGraw, que qui houve cocê?
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Façamos isso! Quanto perdemos quando muitas vezes agimos como qualquer homem natural agiria. Quantas vidas deixaram de ver o evangelho por que nós não temos sido "Muito estranhos" aos olhos dos que nos cercam. Lucas McGraw deixou de agir como sua turma agia. Ele causou estranhamento aos que estavam a sua volta!
Mas no final, apesar de todo o sarro que tiraram de sua cara fica o encomodo no coração do não convertido:
"Vêm cá Lucas McGraw, nois tá aqui pensanu é Deus mesmo, é mesmo Deus que ocê tá sintinu?"
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Imagem do Post: "Grande" Geraldinho Nogueira - O Tipo Ideal de Matuto em Goiás
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Deus, nossas escolhas e os deslizamentos de terra no Rio de Janeiro

Nos últimos dias todos tem acompanhado com pesar no coração o sofrimento das vitimas dos deslizamentos e inundações na região serrana do Rio de Janeiro. De fato a situação é alarmante e em meio a tanto sofrimento é perfeitamente lícito que o cristão e principalmente o incrédulo se perguntem: “Por que Deus permite que tais coisas aconteçam?”
Antes de tudo quero dizer que você não é nenhum tipo de “fraco na fé” ou “anão espiritual” por se indagar esse tipo de coisa. Uma atitude do tipo “Ah! Eu nunca me faço esse tipo de pergunta. Minha fé me é suficiente!” me parece totalmente arrogante e insensível. De fato, pessoas que declaram esse tipo de coisa estão querendo aparecer em uma espécie de “espiritualidade inabalável” e conseguem, em minha opinião, justamente o contrário pois, demonstram uma falta de misericórdia imensa para com as vítimas. Assim, questionar-se acerca destas coisas não consiste nenhum pecado. No entanto, permitir que este questionamento lhe atormente sem procurar resolve-lo de alguma forma constitui-se num grande erro. O cristão que permite que a duvida e a incerteza habitem livremente sua mente não sabe que tipo de risco esta correndo. Temos de sair de nossas estagnações intelectuais e buscar soluções para lidar com as duvidas que muitas vezes assolam nossos corações. Penso que essa é a função do grande presente que Deus nos deu: o Intelecto. Nesse caso, a Apologética, que tem o intelecto como seu principal pilar, pode nos ser grande aliada para pensarmos questões tão complicadas como esta dos “desastres naturais” (quero deixar bem claro aqui as aspas).
Feitas estas ressalvas iniciais eu quero compartilhar com os ouvintes alguns aspectos que geralmente não são explanados ou lembrados em horas catastróficas como estas. Quero deixar bem claro que de forma nenhuma esses aspectos aliviarão os sofrimentos das vítimas ou de seus familiares, ou mesmo o nosso sofrimento diante de tais acontecimentos. Esses argumentos previnem a geração de mais sofrimento. O sofrimento que estes argumentos podem prevenir é aquele gerado pelo afastamento das pessoas com relação a Deus. Se deixarmos que as pessoas acreditem que tal catástrofe é da vontade de Deus permitiremos a geração de mais sofrimento. De fato, o que todos mais precisamos agora é do conforto do Espírito Santo e não de rejeitar sua fonte.
É um erro gravíssimo do senso comum dizer diante dos infortúnios da vida “Ah, mas fazer o que, era da vontade de Deus que isso ocorresse”. Essa frase transmite e consolida uma imensa falsa impressão acerca do que a bíblia ensina sobre a Vontade de Deus. De fato Deus é onipotente e pode por isso fazer todas as coisas da forma como Ele deseja. Salmo 115.3 diz que o Senhor esta nos céus e tudo fez como lhe aprouve. No entanto, Deus na sua infinita sabedoria escolheu criar seres que tem livre-arbítrio e para que isso ocorresse de fato, para que este livre-arbítrio não fosse apenas nominal, mas real, Deus tem de permitir que certas coisas, muitas vezes terríveis, aconteçam.
O fato latente do livre-arbítrio humano aliado a existência também real e latente do pecado impuseram algumas características novas ao todo da existência neste mundo. Vejamos quais foram estas características:
O livre-arbítrio é a característica ultima do ser humano criado por Deus. O poder de fazer suas próprias escolhas sem ser de nenhuma forma pré-determinado. Ao contrário do que querem alguns essa doutrina esta espalhada por toda a bíblia. Os 4 primeiros capítulos do Genesis já demonstram o fato de que Deus escolheu não influenciar nossas decisões. O diálogo de Deus com Caim é claríssimo neste ponto. Em Genesis 4.7 Deus diz a Caim:
Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
Na verdade argumentar que Deus faz as pessoas escolherem coisas livremente é um absurdo (tenho “vergonha alheia” por irmãos nossos que insistem em apresentar esse argumento). Dizer que alguém te fez escolher algo livremente é como dizer que há um solteiro casado ou mesmo dizer que a famosa bola-quadrada existe. Ambas estas coisas não podem ter existência real, são somente uma combinação errônea de palavras, enfim, absurdos lógicos. Deus não criou absurdos lógicos. Eu e você somos criaturas plenas de uma liberdade de escolha verdadeira e não de um embuste. Se Deus nos controlasse como a marionetes de fato nunca teríamos pecado ao passo que Ele nunca poderia nos ter juntamente com Ele por livre e espontânea vontade.
Dessa forma concluímos que Deus escolheu lidar com os impactos das decisões de suas criaturas! A partir do momento que Deus escolheu criar seres livres é obvio que não seria mais apenas a vontade dEle que ocorreria no mundo mas também as vontades advindas das escolhas desses seres! Surge então um conceito tão interessante quanto desconhecido pelos cristãos em geral: o da vontade permissiva de Deus.
A vontade de Deus e a vontade permissiva de Deus são duas coisas que em grande parte das vezes é bastante diferente. A diferença é muito simples: quando eu peco direi que foi da vontade de Deus?! Ora, isso me parece completamente absurdo. Imagine uma cristã que ao engravidar antes de se casar diga: “Eh.. foi da vontade de Deus que eu tivesse esse filho agora”. É claro que não foi da vontade de Deus! A vontade de Deus sobre a geração de filhos esta expressa na bíblia e é a de que isso ocorra dentro de um casamento. O que ocorre é que Deus não iria mandar um anjo para impedir o ato sexual que gerou esta criança. De fato Deus poderá abençoá-la e perdoá-la, mas é da natureza de Deus que é um Pai amoroso que corrige seus filhos deixar que as pessoas enfrentem as conseqüências de seus pecados. Lembre-se como Deus abençoou e fez grandes promessas a Ismael e sua mãe Hagar, apesar deste nascimento não ter sido da vontade de Deus. Mantenha essa ideia em mente, pois a retomaremos adiante. Assim, Deus pode fazer sua vontade aonde e como quiser, no entanto, o crivo da palavra de Deus nos ajudará a discernir o que foi da vontade de Deus daquilo que Deus permitiu que tenha ocorrido em respeito a sua própria decisão de criar seres com livre-arbítrio.
A segunda característica que influi diretamente na gama dos acontecimentos nesta existência é o pecado. A questão crucial é que em Genesis 2.15 Deus fez um trato com o ser humano; sim um pacto importantíssimo regulamentado por este versículo. É obrigação do ser humano zelar da natureza que Deus criou e desde Adão, infelzimente, nós não temos feito isso. É um preceito sistemático na bíblia que quando o homem pecou a natureza foi drasticamente afetada pela queda de sua coroa. Genesis 3.17 diz que “maldita é a terra por causa do homem” no versículo 18 Deus prossegue dizendo que a terra passará a produzir “espinhos e abrolhos” uma clara metáfora apontando para o fato de que a terra não seria mais pacífica ao ser humano. O apóstolo Paulo escrevendo aos romanos no capítulo 8 verso 22 diz que a natureza geme como se tivesse com dores de parto, sofrendo por conta do pecado do ser humano. Assim, nós encontramos na própria bíblia uma informação alarmante: as chamadas catástrofes naturais são conseqüência do nosso próprio pecado!
Deus continuará permitindo que enfrentemos as conseqüências dos nossos pecados pois, de outra maneira jamais aprenderemos nossa lição. Deus não pode ser culpado por tais acontecimentos simplesmente porque dentro de seus planos não havia catástrofes naturais, Deus não as gerou, o pecado do homem claramente fez isso! Em especial um pecado muito específico que podemos mapear sem maiores dificuldades: A incompetência do ser humano em cumprir a missão dada em Genesis 2.15. Porém, nós não apenas não cuidamos da natureza nós a destruímos.
E agora chego especificamente ao caso da região serrana do Rio de Janeiro. Todos nós nos lembramos de nossas aulas de geografia no ensino médio quando aprendemos que a Mata Atlântica esta praticamente extinta. A maioria de nós hoje se mostra profundamente condoída com o sofrimento que a natureza pode nos causar, mas não dá a mínima importância para o sofrimento que nós temos causado a ela. Choramos com razão os mais de 700 seres humanos que ali morreram, mas não derramamos uma lágrima sequer por cada criatura de Deus que foi arrancada daquelas encostas. De fato é bíblica a idéia de que uma vida humana apenas vale mais que o mundo inteiro, no entanto, também é bíblica a ideia de que era nossa responsabilidade cuidar do lar que Deus nos deu.
Culpar Deus pelo volume desregrado de chuvas que acometeu a região serrana do Rio é pensar que Deus ordenou pessoalmente que cada arvore da mata atlântica fosse derrubada, ou seja, é totalmente absurdo. Ademais Deus não criou um planeta minúsculo, seria de fato culpa de Deus se aquelas pessoas não tivessem nenhum outro espaço para viver, mas isso não é verdade. Essas pessoas não estavam ali por que Deus negou espaço físico para que o homem vivesse, há enormes regiões desabitadas em nosso país e no planeta, basta assistirmos 1 hora de Discovery Channel pra constarmos isso. Quem negou espaço descente para que aquelas pessoas morassem foram os homens. Os homens públicos que negociando votos pleitearam permissões legais para que pessoas, muitas vezes pobres, pudessem construir suas casas em locais de risco. Os dados estão aí para quem quiser ver, inundações causando centenas de mortes na mesma região tem acontecido sistematicamente nos últimos 40 anos. Nós, no entanto, pouco fazemos para que as pessoas não voltem a morar em locais com este. Se fossemos de fato uma nação de maioria cristã, como professam os brasileiros ser, não permitiríamos que pessoas vivessem em locais que tem por nome “Sumidouro” e “Areial”! Os próprios nomes dos locais nos informam de suas características de natureza agressiva.
Por fim devemos nos lembrar que continuaremos a encarar o salário do pecado, mas que, no entanto Deus já solucionou esse problema. Sim, em Jesus Cristo todos aquelas que creram e estavam ali já estão na Glória Eterna desfrutando de uma vida incomparavelmente melhor do que minha e a sua. Ao mesmo tempo o ser humano tem a oportunidade de agir em prol do próximo, ação esta que infelizmente, na maioria das vezes, só é posta em prática diante da catástrofe. Por fim eu afirmo que nada disso precisava ter acontecido. Com certeza Deus usará todo esse mal, provocado por nós, para dele retirar incontáveis bens, mas mesmo assim isto ainda não significa que era seu desejo que tal coisa acontecesse. É hora de nos aproximarmos de Deus, orar e agir em favor das vítimas, não das chuvas, mas das vítimas de uma série de descasos e omissões nossas.
Que Deus nos dê forças para encarar o sofrimento que nossas escolhas tem produzido.